Dando continuidade ao processo de formação e organização dos Coletivos de Rádios do MST no Ceará, acontece desde a última quarta-feira (13) o 2º Encontro das Rádios Livres do MST. Diversos comunicadores e comunicadoras populares relatam experiências das sete rádios livres do Movimento no estado. Com três dias de programação, o evento reúne debates, troca de experiências e oficinas práticas para potencializar o trabalho radiofônico nas áreas de Reforma Agrária.
“Nosso objetivo é poder debater o papel da comunicação para as organizações e movimentos populares na atual conjuntura, traçando estratégias para fortalecer o debate da comunicação como um direito”, destacou Aline Oliveira, do Setor de Comunicação do MST. Segundo ela, o 2º Encontro relaciona os desafios gerais do conjunto do MST e seus desdobramentos nas ações em comunicação, especialmente nas rádios nos assentamentos.
“O último período tem nos apontado a necessidade imediata de discutirmos a comunicação popular como tarefa do conjunto da nossa organização, pois entendemos que esta tem um papel indispensável na formação, informação e organização da nossa base e de todos os sujeitos que ousam lutar e acreditar na construção de uma nova sociedade”, comentou Oliveira. “Assim, nosso encontro se coloca nessa conjuntura como um espaço de fortalecimento das nossas ações e organização coletiva para potencializar a batalha das ideias através da rádio”, concluiu.
O debate têm falado de temas desde o direito humano até a comunicação, segurança, papel das rádios na Reforma Agrária Popular, relacionando estas pautas à formação teórica com a formação prática e à profissionalização os comunicadores e comunicadoras que atuam nas experiências de rádio em todas as regiões do estado do Ceará.
Frequências que atravessam gerações
A jovem Lara Vitória, de 15 anos, é uma das comunicadoras que participam desta edição do Encontro de Rádio. Ela apresenta o programa “Forrozão da 87,9” na Rádio Vozes do Campo, do Assentamento Santana, região do Sertão Central do Ceará, e relatou da grandiosidade da experiência no Coletivo de Rádio.
“A experiência é grande no cotidiano da rádio. Me ajudou a perder a timidez, desenvolver minha forma de comunicação com as pessoas, além de conseguir influenciar a participação de outros jovens da comunidade na rádio”, relatou Lara Vitória.
A rádio, que vai completar ainda um ano de inauguração no assentamento, já trouxe para Lara inúmeras lições. Segundo a apresentadora, o aprendizado não é somente quando está no estúdio, mas também quando é ouvinte dos programas que vão ao ar na programação da rádio.
“Tem dois programas que eu gosto muito na nossa grade: o programa A Hora da Bola e o programa Acorda Camponês”, explicou Lara Vitória sobre o Encontro, que termina nesta sexta (15/03). “O Acorda Camponês, que vai ao ar às seis horas da manhã, é um programa dedicado ao resgate da cultura camponesa, em especial as cantorias populares, que a gente já não encontra em outros lugares, muito menos nas rádios tradicionais”.
A apresentadora do Forrozão da 87,9 é uma das comunicadoras mais entusiasmadas com a possibilidade de participar do Encontro de Rádios. “Aqui a gente tem aprendido muitas coisas novas que vão ajudar muito no nosso trabalho nas rádios... Estamos reconhecendo e descobrindo nosso papel enquanto comunicadores”, comentou.
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
*Editado por Fernanda Alcântara
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